Fonte: trading economics website - https://pt.tradingeconomics.com/commodity/neodymium. Acessado em: 25/04/2023

Publicado em: 25/04/2023

Durante a COP-26, o Brasil se comprometeu a diminuir drasticamente as suas emissões de CO2 com o intuito de mitigar as consequências do efeito estuda. Para isso, uma das alternativas para atingir essa meta é a substituição de veículos a combustão interna por veículos elétricos ou híbridos. Em ambos os casos, a autonomia e desempenho dos veículos aumenta com a inserção de superimãs de terras raras nos motores elétricos. Contudo, o maior fabricante desse componente no mundo é a China, o que faz com que o mercado consumidor de imãs fique refém dos seus preços e política monetárias. Só para se ter uma ideia dessas consequências, o preço do Neodímio metálico disparou durante a epidemia de COVID-19 e atingiu um pico de 1510,00 Yuan por quilo em março de 2022. Se comparado aos valores pré-pandêmicos, esse valor corresponde a um aumento de 305%, já que o neodímio metálico custava 372,50 Yuan por quilo em fevereiro de 2020. Entretanto, embora seu preço  esteja caíndo desde março de 2022, atualmente o mesmo está cotado em  605,00 Yuan por quilo, o que ainda corresponde um aumento de ~67% em relação aos valore pré-pandêmicos. Além disso, essa grande flutuação de preços nos elementos terras raras já havia acontecido em meados de 2011, o que gera instabilidades para o setor que pretende usar o Neodímio metálico, diminuindo a quantidade de  investimentos e trazendo riscos para a cadeia de produção dos automóveis elétricos/híbridos. Em relação ao Brasil, uma alternativa para reduzir esses riscos seria o desenvolvimento da sua própria cadeia de suprimentos para a produção de superimãs, já que o mesmo possui a 3° maior reserva de minérios de terras raras do mundo. É por essa razão que desde de 2014, o governo federal financia o INCT-Terras Raras (PATRIA) que tem por objetivo desenvover a cadeia de suprimentos de elementos terras raras no Braisl, com foco na produção de imãs de NdFeB. O INCT-Terras Raras (PATRIA) tem linhas de pesquisa que vão desde a extração e beneficiamento dos minérios ricos em terras raras, desenvolvimento de processos para a produção das ligas de Nd-Fe-B, produção e caracterização de superimãs de terras raras utilizando matéria-prima nacional e, por fim, análise da viabilidade técnica de reciclagem de imãs com foco na economia circular. Em suma, se o Brasil quiser reduzir as suas emissões de CO2 e se tornar sustentável economicamente na eletrificação do setor automobilístico, é fundamental o desenvolvimento da sua própria cadeia de suprimentos dos elementos terras raras. Para isso, o financimento público em pesquisas ciêntificas nas áreas supracitadas é essenciais para criar maturidade tecnológica e independência no mercado de matérias primas. 

Prof. Dr. Mateus Botani de Souza Dias

Prof. Dr. Fernando José Gomes Landgraf